Caminho de Santa Faustina em Cracóvia
Mapa
O caminho de Santa Faustina em Cracóvia foi criado graças à cooperação entre a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora Mãe da Misericórdia e o Departamento de Turismo da Câmara Municipal, e foi inaugurado em 17 de setembro de 2008. Neste caminho se encontram: o Santuário da Divina Misericórdia no bairro Łagiewniki, a Igreja de São José no bairro Podgórze, a Basílica de Santa Maria na Praça do Mercado Central, a Basílica do Sagrado Coração na rua Kopernik, a rua Szewska e o Hospital de João Paulo II no bairro Prądnik. A Prefeitura de Cracóvia publicou em polonês, inglês e italiano o folder “Seguindo os caminhos de Santa Faustina em Cracóvia”, que ajuda os devotos de Jesus Misericordioso e Sua Santa Secretária a peregrinarem pela cidade, bem como os turistas que querem conhecer as melhores tradições da Cidade Real.
1. Santuário da Divina Misericórdia
O caminho de Santa Faustina em Cracóvia começa no convento da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora Mãe da Misericórdia no bairro Łagiewniki, onde viveu por mais de 5 anos e onde estão enterradas suas relíquias. Hoje, esse local, juntamente com os novos edifícios sacros – o Santuário da Divina Misericórdia -, é um centro de culto em desenvolvimento extremamente dinâmico, ao qual vão peregrinos do mundo inteiro. O Papa João Paulo II fez peregrinações ao local duas vezes (em 1997 e 2002), e o Papa Bento XVI uma vez em 2006. Quando se fala do número de países de onde vêm os peregrinos, o Santuário de Łagiewniki ocupa uma posição de liderança entre todos os santuários do mundo.
Embora cada tempo e o mundo inteiro possam ser considerados Seu “templo”, há tempos e lugares que Deus escolhe para que as pessoas experimentem Sua presença e Sua graça de maneira especial. E as pessoas guiadas pelo senso de fé vêm a esses lugares porque têm a certeza de que estão realmente diante de Deus que está presente ali. No mesmo espírito de fé, vim a Łagiewniki para consagrar este novo templo. Pois estou convencido de que também aqui é um lugar especial que Deus escolheu para si para derramar graças, concedendo sua misericórdia.
João Paulo II, 17 de agosto de 2002
1a. O complexo do convento em Łagiewniki
Foi construído no final do século XIX com capitais do príncipe Aleksander Lubomirski, financista e filantropo, e foi projetado pelo arquiteto Karol Zaremba. A Capela e os edifícios do convento foram consagrados pelo Cardeal Albin Dunajewski (1891). Habitaram nele as irmãs da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora Mãe da Misericórdia e suas alunas, meninas e mulheres necessitadas de uma profunda renovação moral (Madalenas). O trabalho que as irmãs realizavam com elas baseava-se no respeito à dignidade humana, na promoção de valores cristãos e na preparação para o trabalho profissional e para uma vida independente e digna na sociedade. Na “Casa da Misericórdia”, como eram chamados os centros apostólicos na Congregação, sob a direção das irmãs, eram conduzidas em altíssimo nível oficinas de bordado e tecelagem em geral, encadernação e lavanderia, assim como se ensinava a trabalhar na horticultura e no trabalho agrícola. Devido à natureza da obra de misericórdia, as instalações do convento foram fechadas para as pessoas de fora até a Segunda Guerra Mundial.
Nos anos da Primeira Guerra Mundial, parte da propriedade do mosteiro foi utilizada para as necessidades de um hospital militar, onde eram atendidos soldados de várias nacionalidades que sofriam de doenças contagiosas. Os mortos eram enterrados fora dos muros do convento, no cemitério dos soldados, atrás da basílica. Durante a ocupação nazista, as irmãs ainda dirigiam a “Casa da Misericórdia”, para onde os alemães direcionavam de maneira punitiva mulheres pegas no contrabando, e também ajudavam os desalojados, participavam de ações secretas de educação e de ações caritativas, administrando uma cozinha para os pobres. Em 1962, as autoridades comunistas tomaram a instituição de ensino e a maior parte da propriedade da Congregação. Alguns anos depois, em 1969, as irmãs organizaram no convento um centro aberto para jovens deslocados socialmente chamado “Źródło” (Fonte), que funcionou até 1991. Em 1989, as autoridades do estado devolveram o centro das meninas à Congregação. Hoje se chama Centro Educacional da Juventude, tem um caráter fechado e é um centro de ressocialização para meninas com dificuldades de adaptação na sociedade. As irmãs dirigem no centro um internato, uma escola de ensino médio e três escolas de ensino médio profissionalizante: uma escola de ensino médio de perfil econômico e administrativo com duração de 3 anos, uma escola profissional de gastronomia e outra de cabeleireiro, ambas com a duração de 2 anos.
Hoje, as irmãs da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora Mãe da Misericórdia, que reconheceram Santa Faustina como sua co-fundadora espiritual, proclamam a mensagem da Misericórdia não só através do testemunho de vida e da obra de misericórdia para com as pessoas necessitadas de uma renovação moral, mas também através da oração e da palavra (serviço aos peregrinos, formação dos apóstolos da Divina Misericórdia na associação “Faustinum”, publicação trimestral da “Orędzie Miłosierdzia” (Mensagem de Misericórdia) da Editora “Misericórdia”).
1b. A Capela com a imagem milagrosa de Jesus Misericordioso e as relíquias de Santa Faustina
A capela de São José do convento, que liga duas alas dos edifícios do complexo, foi consagrada pelo Cardeal Albin Dunajewski em 1891. No altar principal, feito por um escultor desconhecido de Przemyśl, há uma imagem de Nossa Senhora da Misericórdia, padroeira da Congregação; à esquerda, São Estanislau Kostka (padroeiro da juventude religiosa) e à direita, Santa Maria Madalena (padroeira dos penitentes). Nos altares laterais do presbitério: ao lado esquerdo, encontra-se a milagrosa imagem de Jesus Misericordioso, que tampou a imagem do Coração de Jesus originalmente colocada neste altar; ao lado direito, encontra-se a imagem de São José com o Menino Jesús, pintada por F. Krudowski.
Nos anos da Segunda Guerra Mundial, o convento do bairro Łagiewniki,até então fechado para as pessoas de fora, foi aberto a refugiados e também àqueles que desejavam visitar o túmulo de Irmã Faustina à medida que a fama de santidade de sua vida crescia junto com o desenvolvimento extremamente dinâmico da devoção à Divina Misericórdia. Em 1943, o confessor de Faustina em Cracóvia, Pe. José Andrasz SJ, consagrou a imagem de Jesus Misericordioso pintada pelo artista Adolf Hyła e iniciou as celebrações solenes em honra da Divina Misericórdia, nas quais se aglomeravam multidões compostas de habitantes de Cracóvia e arredores. A segunda imagem de Jesus Misericordioso,pintada por Adolf Hyła, cujo tamanho e forma correspondiam ao vão do altar lateral, foi consagrada pelo padre Józef Andrasz em 16 de abril de 1944, no primeiro domingo depois da Páscoa, ou seja, na Festa da Misericórdia e, rapidamente, se tornou famosa por suas graças. Suas cópias e reproduções se espalharam pelo mundo e assim concretizaram-se as palavras de Jesus a Faustina sobre seu desejo de que a imagem de Sua misericórdia fosse venerada primeiro na capela da Congregação e depois no mundo todo.
Os quadros históricos das paredes foram projetados no período entre as guerras em 1934 por Zdzisław Gedliczek. Essas pinturas foram restauradas durante a reforma geral e conservação da capela nos anos de 1981 a 1990. Victor Ostrzołek fez, então, belos vitrais nas janelas laterais da capela e no vestíbulo da mesma. Há apenas um vitral anterior a esses, o de Santa Cecília, que se encontra na janela redonda do coro. Ao redor da capela, nas paredes, foram colocadas vitrines artisticamente decoradas para abrigar as ofertas votivas, como sinal de agradecimento pelas graças recebidas pelos peregrinos.
Em 1968, a capela foi inscrita na lista de santuários da diocese de Cracóvia e em 1 de novembro de 1992 foi estabelecida como Santuário da Divina Misericórdia pelo Cardeal Arcebispo de Cracóvia, Franciszek Macharski, por meio de um decreto. Em frente à capela, encontra-se o busto do Santo Padre João Paulo II em baixo-relevo, projetado pelo Prof. Czesław Dźwigaj, em comemoração à sua primeira peregrinação papal ao Santuário de Łagiewniki. Do outro lado, há uma placa comemorativa referente a peregrinação do Santo Padre Bento XVI, projetada por Andrzej Zaradkiewicz. No convento, junto à entrada da capela, existe uma placa comemorativa de autoria de Czesław Dźwigaj, que aponta para a cela onde faleceu Santa Faustina, a Apóstola da Divina Misericórdia, onde, anteriormente ficava a enfermaria do convento.
1c. A Basílica da Divina Misericórdia
O desenvolvimento dinâmico do Santuário da Divina Misericórdia foi influenciado pela beatificação e canonização de Faustina, bem como por três peregrinações papais. Karol Wojtyła desempenhou um papel muito importante neste trabalho como sacerdote e bispo da Diocese de Cracóvia e também como Papa. Também foi importante o trabalho do Arcebispo de Cracóvia, o Cardeal Franciszek Macharski, ao criar uma fundação com o intuito de construir a Basílica da Divina Misericórdia e dos edifícios adjacentes para alojar os peregrinos. Em 17 de agosto de 2002, o Papa João Paulo II consagrou a nova basílica à Divina Misericórdia e nela, o mundo inteiro.
A basílica, construída segundo o projeto de Witold Cęckiewicz, tem um formato que se assemelha ao de um navio e está associada à moderna “arca da aliança”, onde todos aqueles que esperam na misericórdia de Deus podem encontrar a salvação. Na decoração do presbitério se vê um arbusto açoitado por ventos fortes, simbolizando as turbulências do mundo contemporâneo, onde está inserida a imagem de Jesus Misericordioso, uma cópia da imagem milagrosa feita por Jan Chrząszcz, no qual a humanidade atribulada encontra consolo e alívio. Nas paredes que dividem o presbitério da nave principal, há uma pintura da Mãe de Deus da Misericórdia de Ostra Brama, pintada por Jan Chrząszcz, e do outro lado, há um fragmento da oração de entrega do mundo à Misericórdia de Deus, que foi realizada nessa basílica pelo Papa João Paulo II em 17 de agosto de 2002. Na entrada desse templo, há uma pedra fundamental do Gólgota, consagrada também pelo Papa João Paulo II, e uma placa comemorativa da segunda peregrinação do Papa João Paulo II ao Łagiewniki e a consagração da basílica.
Na parte inferior, há cinco capelas: a Communio Sanctorum, presente da Igreja Húngara, que conta com um belo mosaico do artista húngaro e padre greco-católico László Puskás; a capela de Santa Faustina, onde se encontra a pintura da Apóstola da Divina Misericórdia, feita por Jan Chrząszcz com capitais italianos; a capela de Santo André Apóstolo, que contém um iconostásio, que foi financiado por greco-católicos poloneses e ucranianos e produzido pelo artista ucraniano Lubomir Medwida; a capela de Nossa Senhora das Dores, financiada por eslovacos, e a capela da Santa Cruz, doada pelos alemães.
Ao lado da basílica, está a Capela de Adoração Perpétua, construída segundo o projeto de Witold Cęckiewicz, na qual a adoração constante ao Santíssimo Sacramento acontece e onde arde a chama que João Paulo II acendeu como sinal da mensagem de misericórdia de Deus, que desse lugar se espalha por todo o mundo. Nas imediações da basílica, encontra-se a Sala João Paulo II e, em frente a ela, uma torre com uma estátua do Papa João Paulo II, o grande apóstolo da Divina Misericórdia e defensor da paz.
2. Igreja de São José no bairro Podgórze
A Igreja de São José é o maior templo de Podgórze, que até 1915 foi uma cidade independente, localizada do outro lado do rio Vístula. Foi fundada em 1784 como uma cidade militar e era um centro urbano economicamente competitivo para a Cracóvia. Esse templo sagrado foi construído com o estilo de arquitetura neogótica nos anos de 1905 a 1909 segundo o projeto de Jan Sas-Zubrzycki no local de uma outra igreja, que foi demolida devido ao risco de desmoronamento. O interior da igreja foi projetado no estilo das catedrais góticas, na versão do chamado Vístula Gótico. Numerosos altares, localizados nas naves laterais e nas capelas, entre outras coisas, preenchem o local internamente. O altar principal, desenhado pelo mesmo arquiteto que construiu a igreja, é constituído pelo altar em si, pelo sacrário e por uma imagem do seu padroeiro, isto é, de São José, uma obra do escultor Zygmunt Langman.
A igreja de São José nesse bairro é uma paróquia à qual pertencia a aldeia Łagiewniki. Um evento narrado nas páginas do Diário está ligado ao local: em 27 de dezembro de 1937, Irmã Faustina voltava de carruagem para o hospital que ficava no bairro Prądnik. A viagem foi agradável – escreveu ela – porque vinha comigo certa pessoa que estava levando uma criança para ser batizada. Nós a levamos até a igreja de Podgórze. Para que ela pudesse descer, colocou a criança nos meus braços. Quando tomei a criança nos meus braços, eu a ofereci para Deus em fervorosa oração, para que um dia ela desse ao Senhor uma glória especial. Senti na alma que o Senhor olhou de maneira especial para esta almazinha (D. 849). Mais cedo, naquela noite, alguém havia deixado essa criança no portão do convento em Łagiewniki. Pela manhã, as irmãs a encontraram, banharam-na, alimentaram-na e procuraram alguém que quisesse criá-la. Uma vizinha apresentou-se e mostrou-se disposta a acolher o bebê e lhe dar o seu próprio sobrenome. Aproveitando-se, então, da mesma carruagem que levou Faustina até Prądnik, a vizinha foi com o bebê encontrado até a paróquia para batizá-lo e para cumprir com todas as formalidades do registro para a certidão de batismo.
3. Editora Cebulski na rua Szewska
A Rua Szewska liga o lado ocidental da Praça do Mercado Principal ao Podwale, um antigo subúrbio de Cracóvia chamado Garbary, onde havia conhecidas manufacturas de curtumes com moinhos reais e moinhos de fulling. As construções da rua Szewska vêm principalmente dos séculos XVI e XVII. O prédio que fica no número 22 da rua Szewska, conhecida como “colegiata”, foi reconstruído em 1910 a partir de dois prédios antigos que a Colegiata de Santa Ana havia construído em 1636. Parte do edifício era alugado por Józef Cebulski para as necessidades de sua empresa, que tinha o nome “Wydawnictwo Książek do Nabożeństwa i Skład Dewocjonalii” (Editora de Livros de Oração e Loja de objetos devocionais).
Nessa editora, em Cracóvia, foram impressos os primeiros santinhos de Jesus Misericordioso com o Terço da Divina Misericórdia e pequenos devocionários, intitulados “Cristo, Rei de Misericórdia”, baseados nas visões da Irmã Faustina e preparados pelo seu diretor espiritual de Vilnius, Pe. Michał Sopoćko. Irmã Faustina, juntamente com a Madre Irena Krzyżanowska, esteve nesta editora em 27 de setembro de 1937. Assim descreveu esse acontecimento no Diário: Hoje, com a madre superiora fomos falar com um certo senhor, por meio do qual estão sendo impressos e pintados pequenos santinhos da Misericórdia Divina, também as invocações e o Terço, os quais já receberam a aprovação, e ainda para vermos a Imagem maior já retocada. É muito parecida; fiquei imensamente feliz com isso (D. 1299; cf. D. 1301).
4. Praça do Mercado Principal
Depois de visitar a editora do Sr. Cebulski, Irmã Faustina, acompanhada de sua superiora, madre Irena Krzyżanowska, foi à igreja de Santa Maria. Com certeza, passou pela Praça do Mercado Principal, uma das maiores praças urbanas da Europa, delineada durante a fundação da cidade, em 1257. Ao longo dos séculos, teve, sobretudo, funções comerciais, razão pela qual abrigou inúmeras bancas, a balança municipal e um celeiro. O antigo Salão de Tecidos (Sukiennice), que se encontra na praça, lembra-nos desta função da Praça do Mercado em Cracóvia. Ele deve sua forma arquitetônica atual a arquitetos que se destacaram no século XVI, incluindo Jan Maria Padovano e Santi Gucci, e a Tomasz Pryliński, que dirigiu a última reconstrução do local, que foi realizada na segunda metade do século XIX. Desde aquele século, o Salão de Tecidos serve não apenas para fins comerciais, mas também culturais, pois é a sede do Museu Nacional, a primeira instituição museológica pública dos poloneses, que foi criada durante as partições da Polônia, em1879.
Na Praça do Mercado Principal, foram celebrados importantes eventos, como o ingresso de novos monarcas, atos de homenagem aos reis, desfiles, procissões etc. Como a praça estava localizada no eixo da chamada Estrada Real, ela foi testemunha das entradas cerimoniais do rei e dos envios diplomáticos de agentes para fora do país, além de muitas cerimônias imponentes, eventos históricos, estatais e eclesiásticos, dentre os quais a rendição da Prússia (1525), o juramento de Tadeusz Kościuszko (1794), a entrada do Príncipe J. Poniatowski (1809), a Eucaristia com o Papa João Paulo II, a marcha branca após o atentado contra a sua vida e o ingresso do Arcebispo de Cracóvia, Cardeal Stanisław Dziwisz. Ao redor da mesma, há muitos palácios magníficos de propriedade de poderosos comerciantes e famílias aristocráticas.
Passando pela Praça do Mercado Principal, Irmã Faustina não teve como não notar a característica torre gótica da Câmara Municipal, que é um resquício da antiga câmara, como também a igreja de Santo Adalberto, que, segundo a tradição, foi construída no local onde o mesmo deveria pregar. Esta é uma das igrejas mais antigas de Cracóvia, reconstruída em estilo barroco no início do século XVII. Em seu subsolo, durante o período de verão, há uma exposição do Museu Arqueológico, que mostra algumas das descobertas feitas durante as obras de adaptação da Praça do Mercado Principal.
5. Basílica de Santa Maria
A igreja de Assunção da Santíssima Virgem Maria, localizada na Praça do Mercado Principal de Cracóvia, é a igreja gótica mais famosa da Polônia e a segunda mais afamada depois da catedral de Cracóvia, que serviu como paróquia da cidade antiga. Construída no início do século XIII por iniciativa do bispo Iwo Odrowąż, foi reconstruída e embelezada nos séculos seguintes. Nela se encontram muitas peças de arte de grande valor com os estilos gótico, renascentista e barroco. A fachada da basílica está ornada com duas magníficas torres: uma mais alta de 81 metros com uma coroa dourada e uma mais baixa, com 69 metros, que sempre serviu como torre de sinos. Desde o século XIV, da torre mais alta, que servia de atalaia, é tocado o Hejnał Mariacki. A Igreja de Santa Maria, como paróquia da cidade velha, estava sob os cuidados dos habitantes de Cracóvia, por isso a aspiração das famílias burguesas mais ricas era ter sua própria capela ali. Dentro da basílica se encontram várias capelas e muitos altares. A pérola deste templo é o altar da Santíssima Virgem Maria, obra de Wit Stwosz, um esplêndido monumento de talha medieval. Esse é o maior altar deste tipo na Europa (11 x 13 m) feito de madeira de carvalho, tendo as figuras esculpidas em tília . Mais ao fundo do altar, na parte central, há uma cena muito vívida do adormecer da Santíssima Virgem Maria rodeada pelos apóstolos e, na abside, uma cena da Assunção e da Coroação. Nas asas abertas do altar, encontram-se seis cenas que revelam os mistérios da alegria de Maria desde a Anunciação até o Pentecostes. Depois de fechar as asas, 12 cenas das Dores de Maria aparecem. A policromia do presbitério e de toda a igreja é obra de Jan Matejko, assistida por Józef Mehoffer i Stanisław Wyspiański.
No Diário, Faustina descreve sua permanência e experiências espirituais neste templo da seguinte forma: Uma vez resolvidos todos os assuntos, fomos à igreja da Santíssima Virgem Maria e participamos de uma santa Missa, durante a qual o Senhor me deu a conhecer o grande número de almas que encontrarão a salvação através desta obra. Em seguida, iniciei um diálogo interior com o Senhor, agradecendo-Lhe por se ter dignado dar-me a graça de ver a honra à Sua insondável misericórdia que está se difundindo. Mergulhei em profunda oração de ação de graças. Oh! Como é grande a generosidade de Deus. Bendito seja o Senhor, que é fiel às Suas promessas… (D. 1300).
6. Basílica do Sagrado Coração de Jesus
A Igreja do Sagrado Coração de Jesus em Cracóvia, na rua Kopernika, número 26, foi construída segundo o projeto de Franciszek Mączyński entre os anos 1912 e 1921. Colaboraram para o design de interior famosos escultores, como Xawery Dunikowski e Karol Hukan, e pintores, como Jan Łukowski, Piotr Stachiewicz e Leonard Stroynowski. O presbitério está decorado com um friso de mosaico de Piotr Stachiewicz, representando um momento de homenagem, veneração e adoração ao Sagrado Coração de Jesus por santos e beatos poloneses e por todas as classes sociais.
A cerimônia de consagração da igreja começou em 28 de maio de 1921 com a participação de muitos dignitários da igreja e também seculares trazendo as relíquias dos santos Wojciech e Stanisław BM. No dia seguinte, o templo foi consagrado por Dom Anatol Nowak, e alguns dias depois, em 3 de junho, o Primaz da Polônia, Cardeal Edmund Dalbor, cercado por bispos, clérigos e milhares de fiéis, conduziu a procissão desde a Igreja do Sagrado Coração de Jesus até a Praça do Mercado Principal em Cracóvia, onde consagrou solenemente a Polônia ao Sagrado Coração de Jesus. Em 1960, sob o breve apostólico de João XXIII, a igreja, situada na rua Kopernika, carregando a ideia de um templo central do Sagrado Coração de Jesus para os poloneses, foi elevada à dignidade de uma basílica menor.
Os conventos da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora Mãe da Misericórdia, nos tempos de Irmã Faustina, tinham caráter contemplativo-ativo. Irmãs raramente e apenas em ocasiões importantes saíam para a cidade. Tais momentos incluíam procissões organizadas pelos padres jesuítas na festa do Sagrado Coração de Jesus. Faustina certamente participou de uma dessas procissões, que aconteceu no dia 19 de junho de 1936. Quando fomos à igreja dos Jesuítas para participarmos da procissão do Coração de Jesus – escreveu no Diário – durante as vésperas, vi saindo da Santíssima Hóstia os mesmos raios que estão pintados na Imagem. A minha alma foi envolvida por uma grande saudade de Deus (D. 657). É necessário ainda acrescentar que os padres da Companhia de Jesus pregavam durante os retiros e eram confessores nos conventos da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora Mãe da Misericórdia. Também a Santa foi formada pelos padres jesuítas e educada na espiritualidade desta ordem. Em sua vida, um papel muito importante teve primeiro o Pe. Edmund Elter e, depois, o Pe. Józef Andrasz, que foi seu confessor e diretor espiritual em Cracóvia.
7. Hospital de João Paulo II em Prądnik
Os Institutos Sanitários Municipais do bairro Prądnik Biały foram estabelecidos nos anos 1913 – 1917 por uma resolução do Conselho Municipal de Cracóvia. A construção foi realizada conforme o projeto preparado pelo médico da cidade, Dr. Tomasz Janiszewski, que foi o primeiro diretor dos Institutos Sanitários Urbanos, e o então famoso arquiteto de Cracóvia, Jan Zawiejski. A capela, situada em um edifício separado, foi projetada no estilo modernista por A. Szyszko-Bohusz ou por F. Mączyński. No instante da abertura dos institutos, havia 246 leitos, sendo 120 para pacientes com escarlatina e 126 para pacientes com tuberculose.
Desde 1990, o patrono do hospital é o Papa João Paulo II que, em 9 de junho de 1997, consagrou o edifício recém-construído da Clínica de Cirurgia Cardíaca neste hospital. Hoje, o Hospital João Paulo II é um moderno complexo médico, que realiza diversos projetos voltados ao aprimoramento do conhecimento e à prestação de inúmeros serviços em favor das pessoas, não apenas durante o processo de tratamento, mas também na profilaxia. Em 2007, foi anunciado um concurso de arquitetura para a ampliação do Hospital com capitais vindos da União Europeia como parte do projeto “Ajuda e Esperança”. No âmbito deste projeto, a capela do Sagrado Coração de Jesus, onde rezava Sta. Faustina, foi minuciosamente restaurada, resgatando o estilo e a decoração dos velhos tempos. A capela foi consagrada pelo arcebispo de Cracóvia, Cardeal Stanisław Dziwisz, e as relíquias da Apóstola da Divina Misericórdia foram doadas pela Congregação das Irmãs de Nossa Senhora Mãe da Misericórdia. Do lado de fora da capela, foi afixada uma placa, projeto de Czesław Dźwigaj, comemorando a passagem da santa no hospital, e uma outra especial na capela, marcando, dessa maneira, o local de sua oração.
Irmã Faustina ficou nesse hospital duas vezes nos anos de 1936 – 1938, passando mais de 8 meses sob os cuidados do Dr. Adam Sielberg e das enfermeiras da época, as Irmãs da Congregação das Servas do Sagrado Coração de Jesus. Ela ficava em um quarto separado no 1º e 3º prédios de tuberculose, perto da capela, que os alemães demoliram depois que o hospital foi ocupado durante a Segunda Guerra Mundial. Daquele tempo, sobrou apenas a capela do Sagrado Coração de Jesus, onde Faustina rezou tantas vezes durante sua permanência no hospital. No hospital, ela escreveu muitas páginas de seu Diário e experimentou muitas graças místicas, incluindo confissões diante de Jesus, que veio por meio do Padre J. Andrasz, e a Sagrada Comunhão que os Serafins lhe trouxeram. A irmã deixou o hospital em 17 de setembro de 1938. Ao se despedir, o Dr. Adam Sielberg pediu-lhe um santinho de Santa Teresa do Menino Jesus, que ela tinha no armário. A enfermeira se opôs, referindo-se à desinfecção necessária, ao que o Dr. Sielberg respondeu: “Santos não contaminam”.
Retorno a Łagiewniki
Não se sabe quais ruas a Irmã Faustina costumava percorrer ao retornar ao convento no Łagiewniki. Talvez tenha andado de carruagem pela rua Narutowicza, pela avenida Trzech Wieszczy, passando por Mateczny, pela rua Zakopiańska até o convento na rua Lubomirski, que hoje leva o nome da santa. O fato é que ela passou pela cidade várias vezes, percorrendo a rota entre Łagiewniki e Prądnik. Pelo menos uma vez, essa rota conduziu para perto da igreja de São José. E nós, viajando pela rota de Santa Faustina, pelo menos mentalmente, senão fisicamente, voltaremos ao convento de Łagiewniki, onde faleceu a Apóstola da Divina Misericórdia em 5 de outubro de 1938. Mais cedo, ela havia anunciado que sua missão não terminaria com sua morte, mas começaria. Não me esquecerei de ti, pobre terra – escreveu – embora sinta que imediatamente mergulharei toda em Deus como num oceano de felicidade. Isso não será obstáculo para que eu volte à terra, encoraje as almas e as estimule à confiança na Misericórdia Divina. Pelo contrário, essa submersão em Deus me dará uma possibilidade ilimitada de agir (D. 1582). Hoje, milhões de pessoas em todo o mundo se unem à sua missão de proclamar a mensagem da Misericórdia. No Santuário de Łagiewniki, esta missão é desempenhada não só pelas irmãs da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora Mãe da Misericórdia, mas também pela Reitoria nomeada pelo Metropolita de Cracóvia e chefiada pelo Bispo. O Santo Padre João Paulo II confiou esta tarefa a todos os adoradores da Divina Misericórdia que virão aqui da Polônia e de todo o mundo. Sede testemunhas da misericórdia!
Preparação da guia e os textos: Ir. M. Elżbieta Siepak ISMM
Tradução: Robert Janowski
Revisão gramatical: Felipe Mascarenhas dos Santos Soares
Revisão final: Maria da Glória Jardim Sampaio